Crédito Inteligente: Uma Solução para Impulsionar Pequenas e Médias Empresas
- Susy Garcia
- 6 de dez. de 2024
- 3 min de leitura

A economia de uma nação depende de mais do que apenas uma única indústria ou setor comercial. Para se manter sólida, é essencial que todo o ecossistema de empresas, que formam as cadeias produtivas, esteja robusto. Para isso, é crucial que essas organizações disponham das ferramentas e serviços necessários, especialmente uma gestão financeira eficaz, que se torne um motor impulsionador da economia de uma sociedade. Dentre as várias soluções, o crédito se destaca como um dos pilares para o fortalecimento desse processo.
Pesquisa recente realizada pela Serasa Experian analisou o vínculo entre o acesso ao crédito e as Pequenas e Médias Empresas (PMEs). Os resultados mostram que esse mercado está em expansão no Brasil, com 89% das PMEs acreditando que teriam seus pedidos de crédito aprovados, caso os solicitassem.
Apesar disso, o acesso ao crédito ainda enfrenta obstáculos, especialmente para os negócios menores. “A burocracia excessiva, as altas taxas de juros e a falta de garantias consistentes são os principais fatores que dificultam o acesso ao crédito, contribuindo para o alto nível de endividamento, especialmente entre as PMEs”, afirma Edson Silva, presidente do Grupo Neexxes.
Cadeia Produtiva: a interdependência entre empresas
Como já mencionado, nenhuma empresa atua de forma isolada. Cada uma faz parte de um ecossistema composto por outras empresas e até pessoas, que compram e vendem. O conceito é simples: todos dependem de fornecedores fortes, competitivos e confiáveis para fabricar seus produtos, e todos também necessitam de clientes com saúde financeira para que seus negócios prosperem. A principal dificuldade do mercado é cumprir prazos de entrega e, ao mesmo tempo, receber o pagamento nas datas corretas, o que impacta diretamente o fluxo de caixa.
De acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as cadeias produtivas são compostas por uma rede complexa de empresas de diferentes tamanhos, com as maiores companhias frequentemente exercendo um papel central. Manter essa rede eficiente é crucial para garantir a estabilidade financeira de todas as partes envolvidas. Quando o sistema está bem estruturado, uma empresa pode impulsionar a outra, pois negócios com fornecedores sólidos e boa saúde financeira têm maior capacidade de operação, entregas pontuais e produtos consistentes.
No entanto, em um mercado que envolve grandes somas de dinheiro, manter os compromissos financeiros em dia não é tarefa simples. Segundo Silva, a burocracia no acesso ao crédito “afeta diretamente as cadeias produtivas, onde as empresas precisam cumprir prazos, mas nem sempre o parceiro tem o valor necessário disponível na data certa para seguir com a produção ou ampliar sua capacidade de compra”.
Crédito inteligente como aliado de fornecedores e clientes
Silva reforça que uma cadeia de fornecimento bem estruturada e sustentável “ajuda a reduzir custos, melhorar a eficiência operacional, aumentar a competitividade e a qualidade dos produtos e serviços, além de diminuir os custos de produção e os riscos de interrupção no fornecimento”.
Uma boa gestão financeira e de fluxo de caixa pode dar a flexibilidade necessária para que as empresas enfrentem dificuldades pontuais e cumpram seus contratos com fornecedores e clientes. O crédito, nesse cenário, é um grande aliado. De acordo com o estudo da Serasa, nos últimos dois anos, 53% das PMEs recorreram a algum tipo de crédito, com empréstimos e antecipações de recebíveis sendo as opções mais procuradas.
Embora os números mostrem uma tendência positiva, 47% das empresas não solicitaram nenhum produto de crédito no mesmo período. Isso não aconteceu porque não precisaram, mas porque não conseguiram obter. Segundo a pesquisa, 51% dos entrevistados reclamaram das altas taxas de juros cobradas pelos empréstimos, enquanto 26% enfrentaram dificuldades com as exigências de garantias por parte das instituições financeiras.
Esses dados evidenciam a necessidade de linhas de crédito mais flexíveis e inteligentes, que considerem fatores além dos critérios convencionais. Um exemplo é o crédito mercantil, utilizado por fornecedores, garantido por pedidos recebidos e pelo cadastro de seus clientes. De acordo com outro estudo da Serasa, o crédito mercantil cresceu 39,2% em 2022, representando uma parcela significativa do total de crédito tomado.
Silva explica que o conceito de crédito inteligente é simples: trata-se de uma estratégia que monitora o fluxo de caixa e a capacidade de tomada de crédito e pagamento, testada em diversas cadeias produtivas e que movimenta mais de R$ 20 bilhões por ano, com taxas de crescimento de dois a três dígitos em alguns setores.
“A antecipação de recebíveis ou o ajuste de pagamento para a melhor data para o comprador, ancorados no crédito, são algumas das facilidades que esse novo modelo oferece”, explica Silva.
Trata-se de um uso inteligente dos dados e da tecnologia a favor da economia, proporcionando mais crédito com menor risco, menos burocracia e melhores taxas.
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